March 17, 2015

I VAMPIRI (Riccardo Freda, 1957)


Foi tal o sucesso da parceria Universal-International/Hammer Films ao ressuscitar os monstros clássicos dos anos trinta nos influentes THE CURSE OF FRANKENSTEIN (1957) e DRACULA (1958), que é fácil empurrar para as margens da história outros interessantes exercícios de recuperação dos velhos ícones que deles foram coevos ou que, por vezes, os antecederam mesmo. Foi o caso de I VAMPIRI (1957), de Riccardo Freda, um exercício de estilo que foi a pedra fundadora do riquíssimo cinema de Horror Italiano.
 
Embora evitando o recurso aos expedientes mais grand-guignol, e aos decotes ofegantes de damas em perigo que caracterizariam o desenvolvimento futuro da Hammer, o filme consegue gerar uma atmosfera de suspense e inquietação através da magnífica fotografia de Mario Bava, uma cinematografia que dota as sombras de uma profundidade quase orgânica. Da mesma forma como evita os excessos na apresentação de uma narrativa que tem por fio condutor a sucessão de cadáveres de jovens raparigas que vão surgindo um pouco por toda a Paris, Freda optou por actualizar a velha história de Erzebeth Bathory para a época contemporânea, aglutinando a temática dos velhos filmes de cientistas loucos num opus multifacetado que apresenta ao mesmo tempo comentário social e crónica de costumes – para o que contribui a ideia de centrar a trama num repórter da imprensa de escândalos.
 
Embora os vampiros do título não sejam as literais criaturas popularizadas por Stoker e Le Fanu, Freda não deixa de nos mostrar que essa particular forma de predação não é alheia a muito do parasitismo social que alimenta milhares de leitores ávidos do último escândalo social. O filme, infelizmente, foi um fracasso de bilheteira, sendo referido as mais das vezes nas publicações da especialidade apenas pelo facto de Bava ter assumido as tarefas de direcção nos últimos dois dos doze dias de rodagem.

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