March 19, 2015

LA ORGIA DE LOS MUERTOS (José Luis Merino, 1973)



LA ORGIA DE LOS MUERTOS (1973) é um dos mais apreciados títulos de um dos mais reconhecíveis nomes da exploitation Espanhola: José Luis Merino. Artesão árduo e polivalente, assinou filmes em todos os géneros possíveis e imagináveis, incluindo adaptações de Tarzan (TARZAN EN LAS MINAS DEL REY SALOMÓN, 1973) e Zorro (EL ZORRO, CABALLERO DE LA JUSTÍCIA e EL ZORRO DE MONTERREY, ambos de 1971). Foi aliás, porque o seu grande amigo e actor de culto Paul Naschy (Jacinto Molina) se recusou a aceitar um papel em TARZAN E LAS MINAS DEL REY SALOMÓN que Merino escreveu especialmente para ele o papel do coveiro necrofílico de LA ORGIA DE LOS MUERTOS, que produziu e realizou nesse mesmo ano.


Inserindo-se claramente na senda do novo gótico recuperado pela Hammer britânica, que começava já a dar sinais de cansaço e iniciava a sua curva descendente, a trama apresenta-se como uma densa mescla de elementos incongruentes que não chegam nunca a consolidar-se, num filme melhor servido pela mise-en-scéne do que pelo argumento, co-escrito pelo realizador com Enrico Colombo. Começando com a morte de uma jovem que vemos adentrar no túmulo do próprio pai para recuperar uns documentos que este literalmente levou consigo para a cova, e que o primo, recém-chegado para a leitura do testamento à maneira de um clássico cenário THE CAT AND THE CANARY, encontra enforcada numa árvore à entrada do cemitério, rapidamente se transmuta num filme de cientistas loucos interessados em criar exércitos de mortos-vivos sem qualquer objectivo aparente.


Apesar da fragilidade do argumento, claramente denunciada pela inverosimilhança das várias revelações que se vão sucedendo, Merino dota o filme de alguns momentos verdadeiramente inquietantes e até mesmo brilhantes. Se o protagonista a obrigar a inocente Doris (a bonita Dyanik Zurakowska) a despir-se enquanto fuma um displicente charuto com ar de desinteresse, choca o espectador por se tratar da personagem com que é suposto identificar-se (e por ser interpretada por Stelvio Rossi), a irrupção de um espectro durante a sessão mediúnica pode claramente inserir-se no cânone dos momentos mais bem conseguidos de todo o Cinema de Horror.


Não obstante o papel ter sido escrito especialmente para si, Naschy não tem muito que fazer no filme que não servir-se da sua presença icónica, e é despachado de forma ingrata, superado mesmo na sua ameaça por alguns zombies (se pode aplicar-se tal designação) surpreendentemente bem executados.

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