THE BIG SWITCH (1969) é o segundo filme de Pete Walker, que se
começa já a distanciar dos nudies de
8mm e mesmo do registo naturist
exploitation do seu anterior I LIKE
BIRDS (1966). Ambientado nos estertores finais da swinging London, e no
coração dos clubes nocturnos que Walker tão bem conhecia dada a sua associação
com Michael Klinger (que mais tarde viria a produzir o superlativo REPULSION (1965) de Polanski), o filme
constitui uma curiosa cápsula do tempo que nos permite um precioso vislumbre de
uma era para sempre irrecuperável.
Distribuido nos Estados Unidos sob
a mais picante designação STRIP POKER,
título que vai buscar a uma das suas cenas mais memoráveis, e com cerca de mais
um quarto de hora de sexo e violência, o filme apresenta-nos uma bizarra
conspiração para reintroduzir no país um casal de criminosos expatriados.
Envolvendo assassinatos encenados, jogos de poker e dívidas inexistentes,
alterações faciais e torturas com cigarros, num cenário típico de um Hitchcock
de imitação, é uma fita que compacta nos seus escassos setenta e cinco minutos
de duração mais do que muitos conseguiriam em duas horas, e ainda assim
consegue deixar a sensação de que muito do seu conteúdo é mero enchimento [tal
como o longo e desinteressante striptease de Tracy Yorke durante os créditos
iniciais e a sessão fotográfica para amantes de celulite que representa o
último trabalho de John Carter (Sebastian Breaks), o nosso fall guy, antes de ser atirado para o centro da conspiração].
Sem deixar de prover aos
interesses dos potenciais clientes da brigada da gabardina, Walker não descuida
generosas e despropositadas doses de seios nus que, juntamente com as súbitas
explosões de violência, ajudam o filme a aparentar ser mais sórdido do que
realmente é. A fotografia de Richard Scott (embora o IMDB indique Brian Tufano, não consegui confirmar esse dado) faz ressaltar as cores vivas dos anos
sessenta, desde os interiores multicoloridos dos apartamentos in de Londres às modas femininas em
pleno império de Mary Quant. O filme culmina numa psicadélica fuga aos
gangsters pelos túneis do comboio-fantasma de um parque de diversões
desactivado para o Inverno, onde o caleidoscópio de cores contrasta de forma
dramática com a neve que cai no exterior, numa involuntária metáfora do
zeitgeist coevo do filme.
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