LA ORGIA DE LOS MUERTOS (1973) é um dos mais apreciados títulos de
um dos mais reconhecíveis nomes da exploitation
Espanhola: José Luis Merino. Artesão árduo e polivalente, assinou filmes em
todos os géneros possíveis e imagináveis, incluindo adaptações de Tarzan (TARZAN EN LAS MINAS DEL REY SALOMÓN,
1973) e Zorro (EL ZORRO, CABALLERO DE LA
JUSTÍCIA e EL ZORRO DE MONTERREY,
ambos de 1971). Foi aliás, porque o seu grande amigo e actor de culto Paul
Naschy (Jacinto Molina) se recusou a aceitar um papel em TARZAN E LAS MINAS DEL REY SALOMÓN que Merino escreveu
especialmente para ele o papel do coveiro necrofílico de LA ORGIA DE LOS MUERTOS, que produziu e realizou nesse mesmo ano.
Inserindo-se claramente na senda
do novo gótico recuperado pela Hammer britânica, que começava já a dar sinais
de cansaço e iniciava a sua curva descendente, a trama apresenta-se como uma
densa mescla de elementos incongruentes que não chegam nunca a consolidar-se,
num filme melhor servido pela mise-en-scéne
do que pelo argumento, co-escrito pelo realizador com Enrico Colombo. Começando
com a morte de uma jovem que vemos adentrar no túmulo do próprio pai para
recuperar uns documentos que este literalmente levou consigo para a cova, e que
o primo, recém-chegado para a leitura do testamento à maneira de um clássico
cenário THE CAT AND THE CANARY,
encontra enforcada numa árvore à entrada do cemitério, rapidamente se transmuta
num filme de cientistas loucos interessados em criar exércitos de mortos-vivos
sem qualquer objectivo aparente.
Apesar da fragilidade do
argumento, claramente denunciada pela inverosimilhança das várias revelações
que se vão sucedendo, Merino dota o filme de alguns momentos verdadeiramente
inquietantes e até mesmo brilhantes. Se o protagonista a obrigar a inocente Doris
(a bonita Dyanik Zurakowska) a
despir-se enquanto fuma um displicente charuto com ar de desinteresse, choca o
espectador por se tratar da personagem com que é suposto identificar-se (e por
ser interpretada por Stelvio Rossi), a irrupção de um espectro durante a sessão
mediúnica pode claramente inserir-se no cânone dos momentos mais bem
conseguidos de todo o Cinema de Horror.
Não obstante o papel ter sido escrito
especialmente para si, Naschy não tem muito que fazer no filme que não
servir-se da sua presença icónica, e é despachado de forma ingrata, superado
mesmo na sua ameaça por alguns zombies (se pode aplicar-se tal designação)
surpreendentemente bem executados.
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