Foi tal o sucesso da parceria
Universal-International/Hammer Films ao ressuscitar os monstros clássicos dos
anos trinta nos influentes THE CURSE OF
FRANKENSTEIN (1957) e DRACULA
(1958), que é fácil empurrar para as margens da história outros interessantes
exercícios de recuperação dos velhos ícones que deles foram coevos ou que, por
vezes, os antecederam mesmo. Foi o caso de I
VAMPIRI (1957), de Riccardo Freda, um exercício de estilo que foi a pedra
fundadora do riquíssimo cinema de Horror Italiano.
Embora evitando o recurso aos
expedientes mais grand-guignol, e aos
decotes ofegantes de damas em perigo que caracterizariam o desenvolvimento
futuro da Hammer, o filme consegue gerar uma atmosfera de suspense e
inquietação através da magnífica fotografia de Mario Bava, uma cinematografia
que dota as sombras de uma profundidade quase orgânica. Da mesma forma como
evita os excessos na apresentação de uma narrativa que tem por fio condutor a
sucessão de cadáveres de jovens raparigas que vão surgindo um pouco por toda a
Paris, Freda optou por actualizar a velha história de Erzebeth Bathory para a
época contemporânea, aglutinando a temática dos velhos filmes de cientistas
loucos num opus multifacetado que apresenta ao mesmo tempo comentário social e
crónica de costumes – para o que contribui a ideia de centrar a trama num
repórter da imprensa de escândalos.
Embora os vampiros do título não sejam as literais
criaturas popularizadas por Stoker e Le Fanu, Freda não deixa de nos mostrar
que essa particular forma de predação não é alheia a muito do parasitismo
social que alimenta milhares de leitores ávidos do último escândalo social. O
filme, infelizmente, foi um fracasso de bilheteira, sendo referido as mais das
vezes nas publicações da especialidade apenas pelo facto de Bava ter assumido
as tarefas de direcção nos últimos dois dos doze dias de rodagem.
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